Exus e Pomba Giras

Exus e Pomba Giras

Exus
Estes espíritos optaram por prosseguir sua evolução espiritual através da prática da caridade, incorporando nos terreiros de Umbanda. São muito amigos, quando tratados com respeito e carinho, são desconfiados mas gostam de ser presenteados e sempre lembrados. Estes espíritos, assim como os Pretos Velhos, crianças e Caboclos, são servidores dos Orixás.
Apesar das imagens de Exus, fazerem referência ao “Diabo” medieval (herança do Sincretismo religioso), eles não devem ser associados a prática do “Mal”, pois como são servidores dos Orixás, todos tem funções específicas e seguem as ordens de seus “patrões”. Dentre várias, duas das principais funções dos Exus são: a abertura dos caminhos e a proteção de terreiros e médiuns contra espíritos perturbadores durante a gira ou obrigações.
Desta forma estes espíritos não trabalham somente durante a “gira de Exus” dando consultas, onde resolvem problemas de emprego, pessoal, demanda e etc. de seus consulentes. Mas também durante as outras giras (Caboclos, Preto-velhos, Crianças e Orixás), protegendo o terreiro e os médiuns, para que a caridade possa ser praticada.

 

 

Pomba Giras
As pomba-giras são grandes magas e conhecedoras das fraquezas humanas. São, como qualquer exu, executoras da Lei e do Karma
Elas, ao se manifestarem, carregam em si, grande energia sensual, não significa que elas sejam desequilibradas, mas sim que elas recorrem a este expediente para “descarregar” o ambiente deste tipo de energia negativa.
São espíritos alegres e gostam de conversar sobre a vida. São astutas, pois conhecem a maioria das más intenções.
Pomba gira, é uma entidade que atua na umbanda….suas raizes remontam ao mito de lilith da mulher que não se submete aos homens
São as entidades mais polêmicas. Muito se diz sobre estas entidades: que foram mulheres da vida e que ao morrer se transformaram, que são espíritos demoníacos, que pervertem a sexualidade das pessoas, afastam casais, aproximam, enfim, todo tipo de adjetivos tem sido dada a essas grandes guerreiras do mundo astral.
São seres do mundo astral, guerreiras tanto quanto Exu, que estão bem próximas de nossa esfera humana, algumas já se reencarnaram e outras não.

 

Linhas de Exus e Pombo-Giras
Exus da Calunga – São Exus que, em sua maioria, servem à Obaluaiê. Durante as consultas são sérios, reservados e discretos, podem eventualmente trabalhar dando passes de limpeza (descarregando) o consulente. Alguns não dão consulta, se apresentando somente em obrigações, trabalhos e descarregos.
Exus da Encruzilhada – São Exus que servem a Orixás diversos. Não são brincalhões como os Exus da estrada, mas também não são tão fechados como os do cemitério. Gostam de dar consulta e também participam em obrigações, trabalhos e descarregos. Alguns deles se aproximam muito (em suas características) dos Exus do cemitério, enquanto outros se aproximam mais dos Exus da estrada.
Exus da Praia – Governado por Exu Rei da Praia e Rainha da Praia. Inclui todos os Exus que trabalham nas praias, perto das águas ou dentro delas, salgadas ou doces.
Exus da Estrada – São os mais “brincalhões”. Suas consultas são sempre recheadas de boas gargalhadas, porém é bom lembrar que como em qualquer consulta com um guia incorporado, o respeito deve ser mantido e sendo assim estas “brincadeiras” devem partir SEMPRE do guia e nunca do consulente. São os guias que mais dão consultas em uma gira de Exu, se movimentam muito e também falam bastante, alguns chegam a dar consulta a várias pessoas ao mesmo tempo.
Exus das Matas – Onde vivem os exus que trabalham nas cachoeiras, pedreiras, em matas, rios, etc. Onde a muitos são caboclos quimbandeiros, trabalham muito com ervas, gostam de ensinar banhos, defumações, tudo que envolva ervas. Existem vários tipos de matas, matas serradas, matas fechadas, matas em beira de estrada, de mar, onde existem os determinados exus responsáveis. Os mais conhecidos são: Arranca-Toco, 7 Cachoeiras, Pimenta, das Matas, dos Rios, entre outros. Trabalham muito com velas verdes, verdes e pretas ou pretas, usam guias da mesma cor e muitas ervas.

 

Curimba
Curimba é o nome que damos para o grupo responsável pelos toques e cantos sagrados dentro de um terreiro de Umbanda.
São eles que percutem os atabaques (instrumentos sagrados de percussão), assim como conhecem cantos para as muitas “partes” de todo o ritual umbandista.
Esses pontos cantados, junto dos toques de atabaque, são de suma importância no decorrer da gira e por isso devem ser bem fundamentados, esclarecidos e entendidos por todos nós.
Muitas são as funções que os pontos cantados têm.
Primeiramente uma função ritualística, onde os pontos “marcam” todas as partes do ritual da casa.
Assim temos pontos para a defumação, abertura das giras, bater cabeça, etc.
Temos também a função de ajudar na concentração dos médiuns. Os toques assim como os cantos envolvem a mente do médium, não a deixando desviar – se do propósito do trabalho espiritual.
Esse processo também é muito utilizado nas culturas xamânicas do mundo afora.
Entrando na parte espiritual, os cantos, quando vibrados de coração, atuam diretamente nos chacras superiores, notavelmente o cardíaco, laríngeo e frontal, ativando-os naturalmente e melhorando a sintonia com a espiritualidade superior.
As ondas energéticas – sonoras emitidas pela curimba, vão tomando todo o centro de Umbanda e vão dissolvendo formas – pensamento negativas, energias pesadas agregadas nas auras das pessoas, diluindo miasmas, larvas astrais, limpando e criando toda uma atmosfera psíquica com condições ideais para a realização das práticas espirituais.
A curimba transforma-se em um verdadeiro “pólo” irradiador de energia dentro do terreiro, potencializando ainda mais as vibrações dos Orixás.
Os pontos transformam- se em “orações cantadas”, ou melhor, verdadeiras determinações de magia, com um altíssimo poder de realização, pois é um fundamento sagrado e divino.
Poderíamos chamar tudo isso de “magia do som” dentro da Umbanda.
A Curimba também é de suma importância para a manutenção da ordem nos trabalhos espirituais, com os seus pontos de “chamada” das linhas, “subida”, “firmeza”, “saudação”, etc.
Entendam bem, os guias não são chamados pelos atabaques como muitos dizem. Todos já encontram-se no espaço físico – espiritual do terreiro antes mesmo do começo dos trabalhos.
Portanto a curimba não funciona como um “telefone”, mas sim como uma sustentadora da manifestação dos guias.
O que realmente invoca os guias e os Orixás são os nossos pensamentos e sentimentos positivos vibrados em vossas direções.
Muitas vezes ao cantar expressamos esses sentimentos, mas é o amor aos Orixás a verdadeira invocação de Umbanda.

 

 

Almas da Quimbanda
Exus são agentes mágicos poderosos, movimentam forças telúricas com incrível rapidez graças ao seu conhecimento e por estarem ativos no plano astral que é ligado ao orbe terrestre.
No caso dos Exus, a evolução faz parte de um processo de adaptação, e não da necessidade de ser bom ou mal. A natureza é assim, e ela evolui para atender as necessidades básicas dos seres, não importa se encarnados ou desencarnados. Claro, Exu não vira caboclo nem boiadeiro, ele não precisa sê-lo, pois trabalha dentro da esfera que está acostumado, utilizando-se das energias do ambiente, dos elementos e principalmente do seu cavalo ou burro se preferir.
Cada médium que passa por esta Obrigação vai colaborar com eles acrescentando energia e equilíbrio ao trabalho que eles executam. É por este motivo que tantas vezes é falado que devemos ter cuidado com nossos pensamentos e pedidos, pois eles são energias. Os Exús precisam das nossas energias positivas para que possam desempenhar melhor o seu trabalho.

 

UM POUCO DE HISTÓRIA…
No hemisfério norte, o inverno inicia-se em novembro. Os povos primitivos eram muito sensíveis e impressionáveis com as estações do ano (por causa das colheitas) e a mudança de estação era assinalada por alguma festividade. A chegada do inverno para os povos célticos representava a passagem de uma época de prosperidade (dias mais claros e época da colheita) para uma época de escassez (dias mais escuros e infrutíferos), de um período de luz para um período de trevas. Para os celtas a chegada do inverno além de iniciar um ano novo, lembrava a morte. Suas tradições e religião incluíam a crença em vários deuses, gnomos, bruxas, fadas, adivinhação, etc.
Sendo assim na noite do último dia do ano celta, nosso atual 31 de outubro, se comemorava a festa do Samhain (“fim do sol” ou “fim da luz”). Os celtas acreditavam que na virada do ano (que começava no nosso 1º de novembro), havia abertura entre o mundo dos vivos e o dos mortos, e estes retornariam à terra em busca de seus familiares e de calor humano. Além de se desejarem felicidades pela virada do ano, os celtas se dedicavam a adivinhações, pois se cria que a presença dos espíritos dos mortos tornavam mais fáceis para os druídas predizer o futuro e aconselhar o povo com suas “profecias”.
Havia também o lado sombrio da festa: acredita-se que bruxas, fadas e gnomos destruíam as colheitas, roubavam crianças e matavam o gado; a presença dos espíritos podia causar prejuízos e confusão às pessoas se eles não fossem devidamente recebidos. Os celtas reagiam a isso sacrificando produtos agrícolas em grandes fogueiras e ofereciam comida e vinho do lado de fora das casas para que os espíritos dos mortos não resolvessem entrar e em troca das suas “bênçãos”, pois também tinham medo que os espíritos se vingassem se não fossem bem recebidos; e assim se marcava a transição de um ano para o outro na cultura celta.
As comemorações católicas romanas dos dias 1º e 2 de novembro surgiram para combater a festa de Samhain.
O Dia de Finados, é comemorado no Brasil devido a nossa herança sincretista luso-católica e afro-espiritualista.
Na crença popular ou folclórica no Dia de Finados não se pesca e nem se caça. As almas dos afogados passeiam por cima das águas do mar, dos lagos, dos rios, dos açudes, das represas. É o dia em que as almas visitam os lugares onde morreram ou foram assassinados.
Nessa data milhões de pessoas vão aos cemitérios chorar seus entes queridos, procurando dar descanso aos espíritos no Purgatório através de missas e outros ritos; também nos cemitérios se realizam sessões afro-espíritas, pois nas religiões afro-brasileiras 2 de novembro é um dia especial para se cultuar e cumprir obrigações para com os eguns (espíritos dos mortos), Omolu, o senhor dos cemitérios, e com Exu Omolu, chefe da linha de cemitérios na Quimbanda.
Vemos assim que o dia de finados tem a mesma atmosfera espiritual que deu origem ao Halloween: a invocação dos mortos, das entidades relacionadas à morte, pactos, adivinhações, medo da morte e dos “mortos” e acima de tudo falta de conhecimento do Deus único e verdadeiro.

 

Características

A saudação aos Exus:
A saudação ao Exú é LARÓYÈ = salve, que também quer dizer salve compadre, boa noite “moça”. Exu é MOJUBÁ – Moju (Viver a noite) Bá (armar emboscadas) ou seja “armar emboscadas vivendo a noite”. Mas na Umbanda o trabalho dos Exus é o de guardião. Assim ao cumprimenta-lo estamos dizendo: Salve aquele que vive à noite e que arma emboscadas. Assim estamos reconhecendo seu poder e ao mesmo tempo estamos pedindo “Àquele que vive a noite, que nos livre das emboscadas”.

 

Bebidas:
Gostam muito de bebidas voláteis e a aguardente está entre elas ao qual dão o nome de malafo ou marafo, conhaque, cerveja e outras bebidas fortes. As Pombo-giras gostam de anis e champanhe. Não há necessidade de o médium ingerir a bebida, pois a mesma pode ficar num copo e o Exu ou Pombo-gira trabalhar com a sua energia utilizando o conteúdo astral da bebida.

 

Comidas:
Os Exus e Pomba Gira gostam de farofa, dendê, cebola, pimenta, limão, semente de mamona, e as Pombo-giras de enfeites e adornos, sem contar que gostam muito se suas oferendas forem enfeitadas com Rosas Vermelhas.
Suas oferendas são inúmeras, sempre acompanhadas de champagne, de boa qualidade, bons vinhos, bebidas fortes como o gim ou a pinga. A ela oferecemos charutos e cigarros de boa qualidade, flores vermelhas, sempre em numero impar, farofas de dendê, mel, de licor de anis (uma de suas bebidas preferidas), espelhos, enfeites, jóias, bijuterias de boa qualidade, anéis, batons, perfumes, enfim todo o aparato que toda mulher gosta e preza.

 

Os Exus nas Sete linhas da Umbanda
Linha de Ogum: Exu Tranca Ruas das Almas, Exu Tranca Ruas de Embaré, Exu Tranca Ruas das Sete Encruzilhadas, Exu Veludo, Exu Sete Encruzilhadas, Exu Sete facas, Exu da Mangueira e outros.
Linha de Oxóssi: Exu Marabô, Exu Tronqueira, Exu Mangueira e outros.
Linha de Xangô: Exu Marabô Toquinho, Exu Labareda, Exu do Lodo, Exu Pedra Negra e outros.
Linha de Yorimá: Exu Caveira, Exu Tata Caveira, Exu Sete Covas, Exu Bananeira, Exu Mulambo, Exu Sete Porteiras e outros.
Linha de Oxalá: Exu Tiriri, Exu Veludinho, Exu Gira Mundo, Exu Sete Encruzilhadas e outros.
Linha de Yemanjá: Todas as Pombo-giras.
Linha de Yori: Todos os Exus Mirins

 

ARTE: CLÁUDIA KRINDGES (51) 98244.2207

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