Iemanjá

Iemanjá

No Brasil, é muito venerada, e seu culto tornou-se quase independente do Candomblé. É representada como uma sereia de longos cabelos pretos. Rege a maternidade, e é a mãe dos peixes que representam fecundidade. Nas grandes “obrigações”, são oferecidos ovelha branca, pata ou galinha branca.
Gosta muito de flores e é costume oferecer-lhe rosas brancas abertas, que são jogadas ao mar em forma de agradecimento.
Iemanjá pode se apresentar de duas maneiras: como uma senhora idosa, quando é chamada de Iemanjá Ogunte, ou como uma jovem de grande beleza, quando é chamada de Iemanjá Sobá.
Suas cores são branco e azul. Usa na cabeça um Adé com franjas de miçangas que cobrem o rosto. Leva na mão o Abebê – leque de metal prateado de forma circular, com uma sereia recortada no centro; e o Obé.
Contas brancas e transparentes formam sua guia (colar). As pulseiras são de alumínio ou qualquer outro metal.
À deusa das águas recorrem ás mulheres que não conseguem engravidar. Porque é Iemanjá quem controla a fertilidade.
Iemanjá por presidir a formação da individualidade (que, como sabemos está na cabeça), está presente em todos os rituais, especialmente o bori.
Na África, as esculturas de Iemanjá mostram uma mulher de seios exuberantes, símbolo de fecundidade. Essa opulência mamária, no entanto, não justifica conhecido mito em que Iemanjá é apontada como a Mãe de todos os orixás.
Narra tal mito que da união de Obatalá e Oduduá nasceram Aganjú, a terra firme, e Iemanjá, as águas. Os dois irmãos também se unem e geram Orungã, o ar, o espaço entre o céu e a terra.
Orungá apaixonou-se perdidamente por sua mãe, Iemanjá. Um dia em que pai estava ausente, ele a raptou, violou e propôs continuassem às ocultas o amor incestuoso.
Iemanjá, desesperada, desprende-se dos braços do filho, mas ele a persegue. Quando o Édipo iorubano está prestes a alcançá-la, Iemanjá cai morta, de costas. Dos seios enormes nascem dois rios, que adiante se unem formando um lado, o lago Iemanjá. Do ventre desmesurado, que se rompe, nascem os orixás: deuses das atividades de subsistência,
como Okô Deus da agricultura e Oxóssi Desus da caça; e Xangô, Deus do trovão, Ogun Deus do ferro e das artes manuais, Dadá Deusa dos vegetais; e Olokun Deus do mar, Oloxá Deus dos lagos, Okê Deus das montanhas; e as deusas dos rios nigerianos Oxum e Oiá(Niger); e Xapanã Deus da varíola, Ajê-Kalagá Deus da saúde, Orun Deus do sol, Oxu Deus da lua.
O mito, que não inclui Exu e Ifá, duas divindades da mais alta importância, é contestado pela autoridade de Pierre Verger, que afirma jamais tê-lo encontrado na África. A história foi inventada por um missionário, o padre R.P.Noel Baudin (1884) e teve a sua perpetuidade garantida pelo ilustre Coronel A B.Ellis, autor de um livro famoso. O mito, repetido por Ellis, foi citado por Nina Rodrigues, com a ressalva, porém, de que jamais
o encontrou na Bahia, onde os negros que professavam o culto iorubá ou declararam que o desconheciam ou contestaram sua existência.
Em outra versão, contam que Iemanjá é filha de Olokun (Senhora dos Oceanos), e que foi casada com um homem poderoso com quem teve dez filhos. Um dia, cansada de sua permanência em Ifé, foge na direção oeste, levando consigo uma garrafa que havia ganho certa vez de Olokun, contendo um misterioso preparado, a qual ela deveria quebrar jogando ao chão quando estivesse em perigo.
Iemanjá instalou-se em Abeokutá (seria uma alusão à migração da nação Egbá). O marido lança seu exército em busca de Iemanjá, com o objetivo de trazê-la de volta a Ifé. Quando se vê cercada, ela não se entrega, mas segue os conselhos de Olokum e quebra a garrafa.Imediatamente forma-se um rio, que a leva para Okun, o mar, morada de Olokum.
Deusa da foz dos rios e quebra-mares, a Rainha dos Mares, como é conhecida, é ciumenta mas não demonstra, preferindo aguardar a hora da revanche. É poderosa e atraente e quando invocada por quem realmente a conhece, propicia favores e ajudas inestimáveis.
Tem a grande capacidade da mãe que sempre atende a um filho, que geralmente caracteriza-se por ser pessoa voluntariosa.

Reza

T. Iemanjá pase que pasejo ae
Iemanjá sesun orun ao aebalva a
Oxum depéo ebabaoromiô
R. Iemanjá pase que pasejo ae
Iemanjá sesun orun ao aebalva a
Oxum depéo ebabaoromiô
T. Elemioxum iabaramireo
R. É oao abeô amaraisô éoao
abéleo
T. Adeoo abéleo
R. É oao abéleo
T. Oromila oque é oque é oiá
Aganjú Oxumlaoque é oque é oiá
oelê oelê
R. Oromila oque é oque é oiá
Aganjú Oxumlaoque é oque é oiá oelê oelê
T. Aacaorô oque é oque é oiá
Aganjú Oxumulá oque é oque é
oiá oelê oelê
R. Aacaorô oque é oque é oiá
Aganjú Oxumulá oque é oque é
oiá oelê oelê
T. Oquerê oasésum o
R. Oquerê Orixá
T. Oquerê iojabao
R. Oquerê orixá
T. Iemanjá ogum oforilabatá omi forilao
R. Iemanjá ogum oforilabatá omi
forilao
T. Iemanjá ogum
R. Aorô
T. Iemanjá Bomi
R. Aorô
T. Aorô oro
R. Aorô
T. Iemanjá tomi tomi tomio
R. Atonirê emire emi
T. Oiaba odela babelê Iemanjá
Ogum Ia babaelê
R. Oiaba odela babelê Iemanjá
Ogum Ia babaelê
T. Iemanjá elao
R. Iemanjá que bata bata babaelê
T. Quetú nenê quetu nenê
iemanjá elao quebaodé
R. Quetú nenê quetu nenê
iemanjá elao quebaodé
T. Tototo oiabeniqué oiabeni
oiabeniqué
R. Tototo oiabeniqué oiabeni
oiabeniqué
T. Iemanjá seleolodê
R. Iemanjá seleolodê
T. Orucumailê orucumailô
R. Iemanjá seleolodô
T. Iemanjá marilê
R. Iemanjá seleolodô
T. Iemanjá marilê iemanjá mariló
R. Iemanjá seleolodô
T. Odocumailê odocumailó
R. Iemanjá seleolodô
T. Iemanjá seleolodô
R. Iemanjá seleolodô
T. Omofiro eredéo omofiro eredéo
anacum beo omofiro eredéo
anacum beo
R. Omo firo eredéo
T. Anacum beo
R. Omofiro eredéo
Gegê
T. Anareua anareuaeu
R. Anareua anareuaeu
T. Iemanjá nareuaeu
R. Iemanjá nareuaeu
T. Etumaladidê tumaladidê nana
Borocuma oconsula etumaladidê
R. Etumaladidê tumaladidê nana
Borocuma oconsula etumaladidê
T. Etumaladidê tumaladidê nana
Borocuma oconsula etumaladidê
R. Nana Borocuma oconsula
T. Etumaladidê
R. Oniropé oasairema ebó
T. Bará cotim cotim cotim Bará
R. Bará cotim cotim cotim Bará
T. Bará que Bará que Bará baio
R. Bará que Bará que Bará baio
T. Emire emire equeoe Nana
Borocumo equeoe
R. Emire emire equeoe Nana
Borocumo equeoe
T. Emire emire equeoe
R. Nanabirocumo equeoe
T. Amaquere quere eoese
R. Anareuá
Tamboreiro: Iemanjá saleolodô babaromiô ieieo elisaréo babromiô
Resposta: Iemanjá saleolodô babaromiô ieieo elisaréo babromiô

Sobrenomes na Nação (Batuque)

Aebomí, Afabocí, Afaomí, Afalomí, Afatoá, Afamiô, Afací, afaocí, Afatolá, Afaemí, Afamí, Afabomí, Aebocí, Aelomí, Aeomí, Aetobí, Aeocí, Afayabá, Agomaré, Afayaomí, Bemiké, Bomimaré, Beremí, Bocí, Bomí, Djabocí, Dominarú, Dopan-naruá, Dilê, Emiodô, Emiremí, Emiomí, Emilomí, Emitobí, Emiocí, Emibomi, Emeremí, Emibocí, Emitalê, Emikê, Eminamã, Ialê, Iakerê, Iakejá, Iakelê, Ieberemi, Jaomí, Jaobí, Jalomire, Lobocí, Lomí, Ladê, Miremí, Mire, Miníu, Mitoalê, Mike, Maré, Meremio, Mikeomio, Mikeomí, Miradê, Naruá, Nanamí, Nanamió, Nanaeu, Nana, Nakelé, Naruáibim, Nina, Omí-anú, Olú-omí, Omí-ofá, Odoaxé, Omidopan, Omimaré, Obí, Omí-delê, Omítolá, Olomi, Omitobí, Omitoalê, Ocí, Olocí, Ominaruá, Omiocí, Olí, Olomiké, Omí, Olú, Oro, Omiaxé, Rê, Rê-omí, Sessum, Tobí, Toalê, Yabomí, Yaomí.

Iemanjá na Umbanda

Iemanjá representa o surgimento da vida através das águas do misterioso mar. Pela água doce, representa o leite generoso que é vital para dar condições de geração à semente fecundada pelo sol.
Iemanjá é a força que anima a matéria, transformando a energia espiritual em cósmica e do éter em vida. É a linha de força que agrupa os espíritos de Caboclas, sereias ou janaínas atuantes nas águas que envolvem nosso planeta, regidas pela ternura materna, misericórdia e amor.
A linha de Iemanjá governa as legiões seguintes: Sereias (Oxun), Ondinas (Nanã Buruku), Caboclos do Mar (Indaiá), Caboclos dos Rios (Iara), Marinheiros (Tarimá), Calungas (Calunguinha) e Estrela Guia (Maria Madalena).
Suas cores são o branco e o azul. As oferendas a Iemanjá constam de flores de cor branca e rosas, cravos, lírios, palmas de Santa Rita, perfumes, moedas de níquel, sabonete pequeno e outros agrados, que são deixados na praia, junto ao mar, ou colocados num barquinho, que é solto nas ondas.
A bebida das obrigações é champanhe, frequentemente democratizada como cidra espumante. No Rio de Janeiro, a festa de Iemanjá é celebrada a 15 de agosto, dia de Nossa Senhora da Glória, com quem está identificada. Mas é na passagem do ano que se realiza a gigantesca e impressionante comemora ção popular de Iemanjá, nas praias cariocas e fluminenses, o mesmo acontecendo em Santos e em Porto Alegre.
Os filhos de fé, com suas roupas brancas e colares de muitas cores, improvisam terreiros nas praias um círculo de flores fincadas na areia e velas acesas e garrafas de bebidas e as comidas dos santos…
Entoam-se cânticos rituais, ao som dos atabaques. Baixam os santos, a maioria Caboclos que, atendem as consultas dos crentes. O povo traz presentes para Iemanjá, com braçadas de flores brancas. Soltam-se no mar barquinhos com oferendas. Jogam-se moedas nas ondas, propiciando um bom Ano Novo.
Poucos anos atrás, as velas acesas se multiplicavam nas praias urbanas da Zona Sul que, vistas a uma certa distância, davam a impressão de que as estrelas haviam caído na areia. Era como se, à beira-mar, os terreiros se sucedessem. Hoje, a noite de Iemanjá transformou-se num show promovido pela TV e outros meios de comunicação, atraindo grandes multidões, que se movimentam e comprimem em tumulto.
Em Copacabana, à meia noite, espetáculos pirotécnicos são realizados por grandes hotéis e firmas comerciais. Sucedem-se por toda a parte, perigosamente, os estouros ininterruptos de morteiros de mão, acesos por populares. Então a gente dos terreiros foi procurar praias mais distantes e tranqüilas, longe da curiosidade divertida dos turistas e da fúria contínua dos estampidos. Foi em busca de lugares mais propícios para cultuar Iemanjá, a rainha do mar.

Lenda

Iemanjá era filha de Olokum, Deus (em Benim) ou Deusa (em Ifé) do mar. Iemanjá foi casada com Orumila, Deus da adivinhaçã, mais tarde casou com Olofin, Rei de Ifé, com que teve dez filhos, que correspondem a Orixás.
Iemanjá foge em direção a oeste, pois se cansara de Ifé. Olokum lhe dera uma garrafa contendo um preparado para usar se precisasse, ela deveria quebrar somente em caso de extremo perigo.
Iemanjá foi viver no entardecer da terra, o oeste Olofin Odùduà. O Rei de Ifé, põe todo o seu exército a procura de sua mulher. Iemanjá cercada resolve quebrar a garrafa conforme lhe foi dito. No mesmo instante criou-se um rio levando Iemanjá para Okun, o oceano, lugar onde vive Olokun. Por isso Iemanjá é representada na imagem com grandes seios, simbolizando a maternidade e a fecundidade.
Iemanjá era uma deusa do rio de igual nome, que banha o território da nação iorubana de Egbá. As guerras fizeram com que o povo dessa nação fosse tangido para as margens do rio Ogun, cujo nome nada tem a ver com o Orixá Deus do ferro e das artes manuais. E foi deste rio que a grande Yabá partiu, para ser Rainha do Mar.
Mitos Nagôs explicam como Iemanjá, graças a poderes mágicos, foi morar no oceano, Reino de Olokun, seu pai. Aliás, essa mudança de Deusa fluvial em Deusa marítima tem sua implicação sociológica. O homem como explorador, principiou em rudes canoas, a singrar as águas dos rios; só muito mais tarde se aventuraria a enfrentar o desconhecido, na estrada larga do mar.
Ensina Verger que o grito com que se saúda a Deusa – Odô iyá! Significa “Mãe do Rio”. Reverencia pois, uma divindade fluvial. Ainda segundo Verger, o nome YEMANJÁ vem do iorubá yeyê ama ejá, “Mãe cujos filhos são peixes”.
Em Cuba o nome permaneceu o mesmo que o do rio africano onde a Deusa nasceu. Por que no Brasil, ganhou um “n” após o primeiro “a”, transformando-se em Iemanjá. Simplesmente por uma certa tendência, em nossa língua, de uma consoante nasal provocar o anasalamento da vogal seguinte.

Falanges de Iemanjá

Falange da Sereia do Mar (encantadas): Caboclas que trabalham sobre e sob as águas, manipulando as energias do fundo do mar, fundo do rio e fundo do lago.
Falange da Cabocla Iara (rio): Caboclas que trabalham na beira dos rios, compreendendo a força das cachoeiras e desembocadura do mar, na fusão da água doce com a água salgada.
Falange da Cabocla Nana (fonte): Caboclas que trabalham na beira das fontes e manipulam as energias que protegem os lares, trazendo-lhes paz e compreens ão. São conhecidas também por buruquê e suas poderosas forças desfazem malefícios, levando paz e saúde aos lares onde existe tumulto ou doença. São protetoras das esposas, mães e professoras.
Falange da Cabocla Iansã (chuva): Caboclas que trabalham no tempo, no temporal e na chuva, manipulando as energias que alimentam a resistência, as dificuldades da vida e a incompreensão. Protegem aqueles que carregam grandes responsabilidades e que precisam de grande resistência para trabalhos espirituais.
Falange da Cabocla de Oxum (cachoeira): Caboclas que trabalham nas cachoeiras e manipulam as energias que movimentam a força do amor puro, da luz em movimento e irradiam as águas fluídicas que trazem medicamentos espirituais de grande força.
Falange da Cabocla Yndáia (lago): Caboclas que trabalham nos lagos e manipulam as energias que nascem e permanecem puras e tranqüilas, circundadas e protegidas pelas energias da mata (sobrevivência), da pedra (justiça), do tempo (chuva), e da paz (o céu). Geram energias infantis, puras, vibrantes, justas e fartas. Seus trabalhos envolvem muita magia.
Falange da Cabocla ou Sereia Janaína (Mar): São também conhecidas como mãe dágua. Manipulam as energias da geração e do amor conjugal.

Arquétipo dos Filhos

As pessoas de Iemanjá são sérias e impetuosas, fazem-se respeitar. Gostam de testar as pessoas. Seu temperamento é muito difícil, são bravos, nervosos, mas possuem um coração grandioso, são dedicados aos parentes e amigos, preocupam-se com os outros e consigo. Gostam de coisas luxuosas. São honestas, gostam da casa e da família, são ótimas esposas/maridos, mães ou pais.
O tipo psicológico dos filhos de Yemanjá é imponente, majestoso e belo, calmo, sensual, fecundo e cheio de dignidade e dotado de irresistível fascínio (o canto da sereia). As filhas de Yemanjá são boas donas de casa, educadoras pródigas e generosas. criando até os filhos de outros (Omolu). Seu corpo robusto, forte, em seus seios volumosos e a aparência sensual, são qualidades, aliás, de todas as suas filhas.
São possessivas e muito ciumentas. Embora se mostrem tranqüilas a maioria do tempo, podem se tornar verdadeiras feras quando perdem a paciência. Mais do que isso, não perdoam ofensas com facilidade. Intrometem-se tanto na vida dos familiares que chegam a sufocar. Mas a intenção é sempre das melhores.

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